A doutora em microbiologia Natalia Pasternak Taschner contribuiu com a compra de insumos necessários para desenvolvimento de testes Real Time PCR, que foram aplicados em cinco hospitais públicos de São Paulo.
22/07/2020
No início da epidemia de COVID-19 no Brasil, cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) já trabalhavam no desenvolvimento de testes para acelerar os diagnósticos da doença no país. O projeto se concretizou com a contribuição da pesquisadora Natalia Pasternak Taschner, doutora em microbiologia, que comprou os insumos necessários para a produção de 10 mil testes de Real Time PCR – considerado padrão ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os reagentes utilizados na produção desse teste são importados e, devido à alta demanda mundial, o país estava carente de insumos.
O material foi doado ao Laboratório de Virologia Clínica e Molecular do Departamento de Microbiologia, coordenado pelo pesquisador Edison Durigon, chefe do departamento. Segundo ele, a doação possibilitou a aplicação de testes de diagnóstico em cinco hospitais públicos de São Paulo: Hospital Universitário da USP, Hospital Santa Casa de Misericórdia, Hospital São Luiz Gonzaga, Hospital Infantil Candido Fontoura e Hospital Pediátrico Menino Jesus.
Em moção de agradecimento à Natalia Pasternak, divulgada pelo Departamento de Microbiologia, Durigon ressalta que os testes foram utilizados não somente no diagnóstico dos pacientes de COVID-19, mas também no monitoramento de profissionais de saúde dos hospitais, “que bravamente enfrentaram essa pandemia com risco eminente de infecção e que muitas vezes só tinham nosso diagnóstico para se socorrer”.
A Congregação do ICB-USP também divulgou uma moção de agradecimento à pesquisadora, “pelo seu trabalho de divulgação e popularização das ciências biológicas e, sobretudo, pela sua corajosa e excelente posição contrária à pseudociência e ao negacionismo de ciência”. O documento ainda destaca o trabalho do Instituto Questão de Ciência, fundado por Pasternak, “que demonstra espírito crítico e contribuí com informações científicas de qualidade para toda a sociedade brasileira”.
Valorização da ciência – Para a pesquisadora Natalia Pasternak, é preciso estabelecer no Brasil uma cultura de endowment, em que egressos doem para as suas universidades, e uma legislação que incentive a doação para a ciência. “Nos Estados Unidos, quando uma pessoa física ou jurídica doa para a ciência, ela tem dedução fiscal. Então há vantagens e incentivos para que isso ocorra”.
Diante da pandemia, no entanto, esse cenário parece estar se modificando. A pesquisadora destaca o programa USP Vida, por exemplo, criado para receber doações para pesquisas relacionadas ao coronavírus e que já arrecadou R$ 3.282.444,00 em quase 3 mil doações. A população, de modo geral, também está mais atenta para a importância deste tipo de iniciativa.
“Eu acho que as pessoas nunca se voltaram tanto para a ciência em busca de uma resposta. Nós nunca vimos tantos cientistas sendo convidados para falar na TV. A ciência ganhou um espaço agora que, na verdade, é um reconhecimento do espaço que ela sempre ocupou. A ciência sempre foi responsável por gerar conhecimento e tecnologia, mas durante esse período de emergência que estamos vivendo, isso fica mais evidente no dia a dia das pessoas”.
Por Aline Tavares
Acadêmica Agência de Comunicação