Vídeos feitos em laboratório mostram como se forma o olho do embrião e revelam alta comunicação entre as células que o recobrem, diferente do que se imaginava.
21/08/2020
A equipe do Laboratório de Embriologia Molecular de Vertebrados do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) busca investigar os mecanismos moleculares utilizados durante a formação do embrião (embriogênese), especialmente eventos que determinam a formação do sistema nervoso. Para isso, utilizam como modelo experimental o olho do embrião de galinha, um dos modelos clássicos da embriologia.
Em estudo recentemente publicado na revista Developmental Dynamics, os cientistas fizeram vídeos que mostram como acontece a formação do olho dos embriões e descobriram uma atividade bem maior que o esperado nas células que o recobrem – as células de sua “pele”. Os vídeos foram feitos em parceria com pesquisadores da Universidade de Oxford, que possuem um microscópio dedicado para fazer imagens de embriões.
“Nós reparamos que tinha muita movimentação naquele tecido em volta do olho. Isso é diferente do que imaginávamos, porque as células da pele de um organismo desenvolvido são bem mais estáticas”, explica a professora Irene Yan, coordenadora da pesquisa. A equipe também observou que qualquer ferida no embrião se regenera rapidamente, o que pode ser explicado pela movimentação das células da superfície. “Não chega nem a ser uma cicatrização. É como se a ferida nunca tivesse existido”.
As células da superfície também possuem prolongamentos, que possibilitam a comunicação entre elas. “O próximo passo é tentar descobrir o que elas estão comunicando ou transportando e qual é a importância disso. Para isso, vamos tentar interferir nessa comunicação através de manipulação gênica e ver se isso atrapalha alguma função, como a regeneração de feridas, por exemplo”.
A descoberta contribui para a construção de conhecimento em ciência básica, além de proporcionar um melhor entendimento dos processos embrionários. Veja abaixo alguns vídeos dos embriões:
Por: Bruna Anielle | ICB-USP