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Pesquisadoras do ICB-USP produzem vídeos para o mês do autismo

A professora Patrícia Beltrão Braga e suas alunas de pós-graduação e pós-doutorado irão lançar, durante o mês de abril, uma série de vídeos visando a conscientização sobre o autismo e a divulgação do Projeto Fada do Dente


02/04/2019

 

A partir do dia 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo, pesquisadoras do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), integrantes do Projeto Fada do Dente, irão publicar uma série de vídeos sobre o tema. O intuito é divulgar o projeto e proporcionar um maior conhecimento à população a respeito do transtorno. O Projeto Fada do Dente estuda, desde 2009, os mecanismos biológicos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) a partir de pesquisas com polpas de dentes de leite, recebidos por meio de doações.

 

A professora Patrícia Beltrão Braga, do Departamento de Microbiologia do ICB-USP, é a fundadora do projeto. Ela explica que a ideia surgiu a partir de uma nova técnica criada em 2007 pelo cientista japonês Shinya Yamanaka, a reprogramação celular, que consiste em transformar qualquer célula do corpo em uma célula-tronco semelhante à embrionária – necessária para produzir células do sistema nervoso. “Na época, eu já trabalhava com dentes de leite em outros estudos. Fui aos EUA aprender a técnica de reprogramação celular e, quando voltei, pensei em aplicá-la em pesquisas relacionadas ao autismo. Então, tentei reprogramar as células da polpa do dente de leite para transformá-las em células do sistema nervoso”.

 

Com o sucesso do teste em células do grupo controle, de pessoas neurotípicas (que não têm autismo), a pesquisadora criou o Projeto Fada do Dente como forma de arrecadar dentes de leite para auxiliar na pesquisa do TEA. Segundo ela, é importante ter um grande número de material biológico, uma vez que existem milhares de genes descritos do autismo, que correspondem a apenas uma parcela dessa população. Portanto, ainda há muito a ser descoberto.

 

O Projeto Fada do Dente já recebeu doações de diversas regiões do Brasil. Segundo a pesquisadora Patrícia Braga, o desenvolvimento de um banco de material biológico unicamente brasileiro é essencial, uma vez que grande parte das pesquisas genéticas do autismo são baseadas nos EUA e na Europa.

 

Disseminando informação – De acordo com a mestranda Andrelissa Castanha, que participa das pesquisas, os vídeos serão publicados na página do Facebook do Projeto Fada do Dente e também no Youtube, e abordarão o autismo em toda a sua complexidade – explicando o que é o transtorno e esclarecendo mitos. “A expectativa é que as pessoas conheçam mais sobre o TEA e sobre o que exatamente fazemos no laboratório, para que entendam a importância de contribuir para esse tipo de pesquisa”, diz.

 

Nos Estados Unidos, por exemplo, é muito comum a criação de organizações sociais que fomentam pesquisas e patrocinam projetos de interesse. Patrícia Braga diz que, no Brasil, não existe esse mesmo costume. “Por isso pensamos em criar uma ONG, um canal de comunicação com as pessoas. A sociedade em geral precisa perceber que contribuir para a ciência acelera os processos de melhora para todos”.

 

 Aline Tavares | Acadêmica Agência de Comunicação