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Nutrientes específicos associados à atividade física podem beneficiar pacientes oncológicos com caquexia

Pesquisadores do ICB-USP estudam novos métodos de diagnóstico e tratamento da caquexia, síndrome que provoca súbita perda de peso e inflamação sistêmica em pacientes com câncer. Pesquisas recentes explicam razões da inflamação e trazem novas possibilidades para combatê-la.


26/05/2019

 

A pesquisa foi feita em pacientes com câncer colorretal, nos quais a incidência da síndrome chega a 50%. Segundo a pesquisadora Marilia Seelaender, responsável pelo laboratório, apenas inserir mais calorias na dieta não é suficiente para tratar a síndrome. No entanto, é possível escolher nutrientes específicos que modifiquem a expressão dos genes dos órgãos, tornando-os capazes de utilizar energia (função que é prejudicada pela inflamação). Atualmente, o foco do grupo é aliar essa intervenção nutricional à prática de atividades físicas.

 

“Há alguns anos, começamos a testar a prática de atividade física de baixa intensidade em modelos animais. Descobrimos que, com essa prática, o tumor diminuía muito e todos os sintomas da caquexia eram revertidos”, relata Seelaender. “A atividade física é inflamatória por si só e, quando treinamos frequentemente, nosso organismo torna-se mais capaz de lidar com a inflamação, por isso sentimos menos dor após o exercício”.

 

De acordo com a pesquisadora, a mesma lógica é aplicada na caquexia. Com a inflamação provocada pelo exercício físico, o corpo fica melhor preparado para enfrentar a inflamação da síndrome. Essa etapa ocorre no estágio da pré-caquexia, ou seja, quando o indivíduo ainda não perdeu peso, mas já sofreu mudanças metabólicas e está começando um processo de inflamação – dessa forma, já é possível diagnosticar a síndrome.

 

Testes em pacientes – A pesquisadora Marilia Seelaender explica que existem outros dois estágios da síndrome: a caquexia (quando ocorre a perda de peso e sintomas mais graves) e a caquexia refratária (quando todo o metabolismo já foi comprometido e não é possível reverter). Por isso, é importante diagnosticar a caquexia em seu primeiro estágio, prestando atenção aos primeiros sinais de inflamação, e iniciar o tratamento.

 

Hoje, os pesquisadores realizam os testes em pacientes no Hospital Universitário da USP. “Nossos pacientes têm um personal trainer e caminham na esteira durante seis semanas. Assim, temos conseguido reverter a caquexia e o indivíduo fica mais apto para receber os tratamentos anticâncer, além de ter uma melhora psicológica. Os pacientes relatam uma sensação de capacitação e confiança em si mesmos para enfrentar a doença”, diz a especialista.

 

Aline Tavares | Acadêmica Agência de Comunicação