No SIBBAS 2019, a imunoterapia se apresentou como a grande promessa de tratamento, mas há pacientes que não têm boa resposta.
08/11/2019
Na última quinta-feira (24/10), aconteceu o SIBBAS 2019, Semana de Inovações Biológicas e Biotecnológicas Aplicadas à Saúde, no Instituto de Ciência Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). Organizado pelos alunos do curso de Ciências Fundamentais para a Saúde, com apoio da Comissão Coordenadora, o tema central do evento foi “Imunoterapia no combate ao câncer”.
Quatro pesquisadores convidados falaram sobre suas abordagens de pesquisa. O primeiro foi José Alexandre Barbuto, pesquisador do Departamento de Imunologia do ICB-USP. Para ele, a imunoterapia representa uma quebra de paradigma na resposta imune do paciente com câncer. “Câncer de pulmão, que não respondia a nada, agora tem 30% a 40% de chance de ter resposta”, exemplificou.
Barbuto explica que o sistema imunológico não consegue responder ao câncer, pois o tumor em fase inicial não tem um padrão molecular que induza os linfócitos T (células de defesa) a produzir essa resposta – então, o tumor “escapa”. “O que o sistema imune faz é ‘regular’ o ambiente, mas não impedir o desenvolvimento do tumor”, disse. A imunoterapia muda este cenário pois usa células dendríticas, responsáveis pela regulação do sistema imune, como checkpoint inhibitors. Ou seja, o tratamento desliga essa função reguladora negativa, induzindo o sistema imune a ter uma resposta contra o câncer e atacar as células tumorais. Uma vacina terapêutica desenvolvida no laboratório de Barbuto têm obtido sucesso em testes em pacientes com glioblastoma, um tumor cerebral agressivo.
Alguns pacientes, no entanto, não respondem bem à imunoterapia. No A.C Camargo Cancer Center, um centro de estudos que alia pesquisa clínica com tratamento, pesquisadores vêm usando biomarcadores para descobrir quais pacientes irão responder ou não à imunoterapia e quais deles poderão desenvolver eventos adversos. A informação foi apresentada por Kenneth John Gollob, líder do grupo de Imuno-oncologia Translacional e pesquisador de Imunorregulação do Câncer na instituição.
Segundo ele, no A.C Camargo Cancer Center, pessoas com câncer recebem tratamento de imunoterapia e, em contrapartida, doam sangue e material para biópsia, fornecendo informação clínica para pesquisas. Lá também são realizados estudos com checkpoints inhibitors.
O evento contou ainda com palestras de Martin Hernan Bonamino, pesquisador do Instituto Nacional do Câncer (INCA), e Milena Perez Mak, do Hospital São Luiz (Rede D’OR). Também foram apresentados nove trabalhos de graduação e pós-graduação do ICB-USP.
Rhaisa Trombini | ICB-USP