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Mitos, funções e futuro da vacina são discutidos por especialistas do ICB-USP em evento do Butantan

12/06/2019

 

No último domingo, 9, o Instituto Butantan realizou a Feira da Imunidade e da Vacina, em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), para celebrar o Dia Mundial da Imunização. Nos diversos estandes do evento, os visitantes observaram patógenos em microscópios, participaram de atividades lúdicas, aprenderam sobre o processo de fabricação da vacina da gripe e ainda puderam receber a vacina em um posto da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

 

No evento, pesquisadores do ICB realizaram palestras sobre aspectos diversos da imunização, seguidas de rodas de conversa para que o público pudesse fazer questionamentos e tirar dúvidas. Essas atividades também tiveram a participação de pesquisadores de outras instituições, como o infectologista Guido Levi, segundo secretário da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), e o pediatra Alexander Precioso, diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan.

 

A professora Patrícia Beltrão Braga, do Departamento de Microbiologia do ICB, abordou em uma das palestras um mito ainda muito difundido na sociedade: de que vacina causa autismo. Autora do projeto “A Fada do Dente”, que analisa dentes de leite de crianças autistas para entender os mecanismos biológicos do transtorno, a pesquisadora explicou detalhadamente o que caracteriza o autismo – fatores genéticos. Depois, contou a história que deu origem ao mito – uma pesquisa de um médico britânico em 1998, que já foi amplamente refutada pela comunidade científica.

 

Perspectivas – À tarde, o professor Daniel Bargieri, do Departamento de Parasitologia do ICB, falou sobre a vacina contra a malária que está sendo testada na África. A malária é uma infecção parasitária comum de países de clima tropical e subtropical – só em 2018, foram registrados 500 milhões de casos no mundo. Segundo o pesquisador, essa vacina terá o objetivo de impedir a transmissão da doença e está sendo testada desde 2015. “Espera-se que a vacina tenha pelo menos 50% de eficácia”, relata.

 

Para encerrar a sessão de palestras, o professor Luís Carlos Ferreira, diretor do ICB, falou sobre outro tipo de vacina, cuja função é tratar doenças: as vacinas terapêuticas, capazes de melhorar a resposta imunológica do indivíduo. Há mais de 15 anos, o pesquisador estuda uma vacina para tratar câncer de colo de útero. “Conseguimos desenvolver formulações vacinais que permitiram tratar o câncer e obtivemos sucesso nos testes em animais”. A próxima etapa são os testes clínicos, em humanos, que começaram a ser feitos este ano.

 

Por que se vacinar – De modo geral, os palestrantes ressaltaram a importância do efeito chamado “imunidade de rebanho”, que mostra que um indivíduo imunizado também protege as pessoas a sua volta que não se vacinaram. “Tomar vacina acaba sendo um ato de altruísmo para a sociedade”, defende Patrícia Braga. Além disso, ressaltaram a necessidade de combater as fake news e trazer informações de qualidade para a população.

 

Aline Tavares | Acadêmica Agência de Comunicação