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Inteligência artificial revoluciona pesquisas científicas, diagnósticos e tratamentos

Durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do ICB-USP, o pesquisador Alexandre Del Rey apresentou as diversas aplicações da inteligência artificial na ciência e na saúde.


31/10/2019

 

A inteligência artificial (IA) possibilita que máquinas aprendam com experiências e executem tarefas que o ser humano é capaz de fazer, como aprender padrões, reconhecer pessoas e objetos e até conversar. O assunto foi discutido durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), evento que ocorreu nos dias 21 e 22 de outubro e foi organizado pela Comissão de Cultura e Extensão (CCEx). O pesquisador Alexandre Del Rey, sócio-fundador da I2AI (International Association of Artificial Intelligence), esteve presente para responder à questão: como a inteligência artificial pode impactar a ciência e a saúde?

 

Para ele, essa tecnologia é a grande protagonista da 4ª revolução industrial, conceito desenvolvido pelo engenheiro e economista alemão Klaus Schwab. Durante a palestra, Del Rey citou uma série de tecnologias de IA que já estão sendo utilizadas para diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças. Os gêmeos digitais, por exemplo, são modelos virtuais de sistemas que são atualizados em tempo real ao serem conectados ao sistema físico, por meio de sensores. Uma dessas tecnologias é o HeartModel, da Philips, que permite criar cópias virtuais 3D de corações de pacientes e avaliar suas funções e estruturas, ajudando a diagnosticar e a identificar a melhor forma de tratamento para cada doença.

 

Outra tecnologia de inteligência artificial que tem sido utilizada é a visão computacional, que, aplicada à saúde, pode auxiliar pessoas com limitações físicas e pacientes hospitalares. Um exemplo disso é a Wheelie 7, uma cadeira de rodas com sistema de reconhecimento facial que controla o movimento a partir expressões, como arquear as sobrancelhas ou piscar. O produto foi desenvolvido pela startup brasileira Hoobox Robotics, criada em 2016 por pesquisadores da Unicamp, e teve apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), da FAPESP.

 

Além da Wheelie 7, o Brasil também é responsável por outros projetos inovadores. É o caso do Robô Laura, criado pelo arquiteto de sistemas Jacson Fresatto. O sistema lê informações de pacientes e emite alertas que são enviados a cada 3,8 segundos à equipe médica, sinalizando aqueles com risco de infecção generalizada e alertando com antecedência outros casos de deterioração no quadro clínico. Já a startup Anestech desenvolve ferramentas que auxiliam os anestesiologistas, com o objetivo de tornar mais precisos os cálculos envolvidos na anestesia.

 

Impactos econômicos e sociais – De acordo com uma pesquisa da Accenture e da Frontier Economics, apresentada durante a palestra, estima-se que, até 2035, o setor de Saúde poderá ter um aumento de 55% de participação nos lucros caso as instituições utilizem tecnologias de inteligência artificial. Para os setores de Educação e Alimentos, o aumento poderá ser de 84% e 74%, respectivamente.

 

Para Alexandre Del Rey, toda tecnologia é um meio, mas quem determina a sua finalidade são as pessoas. “Utilizando a tecnologia a nosso favor, podemos melhorar as relações humanas e auxiliar no desenvolvimento da ciência e da sociedade”.

 

A I2AI (International Association of Artificial Intelligence), fundada por Del Rey ao lado de Alexandro Romeira e Alexandre Nicolau, é uma associação sem fins lucrativos que tem a proposta de conectar pessoas e empresas interessadas em desenvolver tecnologias de inteligência artificial, além de promover eventos e cursos sobre o tema.

 

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é um evento promovido anualmente pela Comissão de Cultura e Extensão (CCEx) do ICB-USP. A última edição, realizada nos dias 21 e 22 de outubro, recebeu professores e alunos do ensino médio da rede pública de ensino e alunos de graduação.

 

Além de inteligência artificial, os palestrantes abordaram temas como inovações da neurociência, biologia do câncer e farmacologia marinha. Os visitantes também tiveram a oportunidade de conhecer laboratórios do Instituto e participar de oficinas científicas, aprendendo a extrair o DNA de um morango e a visualizar as células de uma cebola. Houve também a apresentação da peça “Com carinho, Rosalind Franklin”, escrita e encenada por Helena de Madureira Marques. A obra conta a história da cientista e a sua participação fundamental na descoberta da estrutura do DNA.

 

Por: Aline Tavares
Acadêmica Agência de Comunicação