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Inauguração de laboratório NB3 do ICB-USP recebe membros do exército para falar sobre biossegurança

Especialistas do Instituto de Biologia e do Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército brasileiro se reuniram para conhecer a nova instalação.


16/09/2019

 

Na última quinta-feira (12/9), o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) foi palco de discussão de ciência, tecnologia, terrorismo alimentar e ações de defesa biológica durante o Simpósio Estratégico sobre Biodefesa Microbiológica, que celebrou a inauguração do Laboratório de Nível de Biossegurança 3 (NB3), do Departamento de Parasitologia. O evento contou com a presença de pesquisadores do instituto e membros do Exército brasileiro.

 

Durante a abertura, o diretor do ICB-USP, Luís Carlos de Souza Ferreira, ressaltou a importância da parceria entre a academia, o exército e o setor privado. Para ele, o cenário atual torna necessário que a universidade encontre novos meios de se comunicar com a sociedade. “As forças armadas representam uma alavanca de desenvolvimento tecnológico na sociedade. Podemos trabalhar juntos na missão de desenvolver a ciência e proporcionar uma melhor qualidade de vida a todos”.

 

Segundo o general Sinclair James Mayer, chefe do escritório do Sistema Defesa-Indústria-Academia (SISDIA), o Exército e o Instituto possuem áreas comuns de interesse, como biossegurança e doenças tropicais, e isso deve ser aproveitado para o desenvolvimento de projetos colaborativos.

 

Biodefesa – No evento, a capitã Jacqueline Salgado, do Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear do Exército brasileiro (IDQBRN), citou uma série de casos de contaminação intencional que já ocorreram no mundo e falou sobre o papel do IDQBRN nesse âmbito. “Nós temos um laboratório de defesa biológica e uma área destinada ao desenvolvimento de biossensores para identificar possíveis ameaças nos alimentos”, contou.

 

Já o major Marcos Dornellas, do Instituto de Biologia do Exército (IBEx), destacou a importância de um trabalho coletivo em defesa biológica. O IBEx possui um laboratório NB2, NB3 e laboratórios de biologia molecular e genética. Também conta um programa de mestrado de Biotecnologia em Defesa Biológica, recentemente aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

Laboratório de ponta – No ICB-USP, a construção do laboratório NB3 foi inteiramente planejada e coordenada pelo professor Carsten Wrenger. O laboratório terá, a princípio, duas linhas de pesquisa: uma focada em malária, pelo grupo de Wrenger, e outra focada na bactéria intracelular Rickettsia rickettsii, pelo grupo da professora Andréa Cristina Fogaça. A malária é uma doença infecciosa febril aguda que acomete mais de 150 mil brasileiros por ano; já a bactéria Rickettsia rickettsii provoca febre maculosa brasileira, doença altamente letal.

 

No laboratório, serão manipulados microrganismos com nível de biossegurança 3, que possuem alto grau de patogenicidade, oferecendo risco à vida humana e ao meio ambiente. Ele é composto por quatro ambientes: Unidade de Artrópodes (vetores); Unidade de Experimentação em Vertebrados (hospedeiros); Unidade de Imagens, que conta com um microscópio de tecnologia de 4D da Zeiss; e a Unidade de Cultura de Células e Tecidos, onde serão realizados os experimentos científicos e de diagnóstico envolvendo amostras humanas. Segundo Wrenger, o grande diferencial do laboratório é a possibilidade de trabalhar simultaneamente com o vetor, o agente infeccioso e o hospedeiro mamífero de uma determinada doença infecciosa.

 

A instalação possui câmaras pressurizadas para garantir a contenção dos patógenos, além de câmeras de segurança, cujas imagens podem ser vistas em uma televisão por quem está dentro do laboratório e também por quem está fora, no corredor. Também possui um sistema de descontaminação de efluentes que é essencial para a preservação e a segurança do meio ambiente. Conta ainda com um moderno sistema de radiação UV para descontaminação do ambiente interno, que só pode ser ativado quando o local estiver vazio.

 

Aline Tavares | Acadêmica Agência de Comunicação