Entre em Contato
ICB-USP encerra primeira edição a distância da disciplina Grandes Endemias

Disciplina-espelho de graduação e pós-graduação do ICB disponibiliza o conteúdo de suas palestras gratuitamente no YouTube. Debates realizados por especialistas buscam soluções para doenças negligenciadas, como a doença de Chagas e a Leptospirose.


17/12/2021 

No segundo semestre de 2021 o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) ofereceu pela primeira vez em modo on-line a disciplina Grandes Endemias.

 

O programa, executado em 16 aulas de três horas, teve como propósito informar um grande número de pessoas sobre diversas doenças consideradas endêmicas em diferentes regiões do país.

 

As aulas foram ministradas por especialistas convidados para falar sobre a origem, formas de transmissão, medidas de controle, novas alternativas de tratamento, além dos aspectos sociais e econômicos relacionados às doenças abordadas. Foram transmitidas gratuitamente via Google Meet e pelo YouTube, onde encontram-se disponíveis no canal do ICB.

 

A disciplina é coordenada pelos professores Alejandro Katzin, Carlos P. Taborda, Lourdes Isaac e Rita Café. Participaram da disciplina como convidados, por exemplo, os professores Marcos Boulos, da Faculdade de Medicina da USP, que abordou o panorama geral das doenças infecciosas no Brasil; Edison Durigon, do ICB, que apresentou as arboviroses de interesse médico (Dengue, Zika, Febre Amarela e Chikungunya), e o Dr. José Antonio Tonon, da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, que falou sobre a Leptospirose.

 

Grandes Endemias integra o quadro de disciplinas optativas eletivas do curso de graduação de Bacharelado em Ciências Biomédicas e é realizada anualmente, sempre no segundo semestre. Serve como disciplina-espelho e tem conteúdo válido também para os pós-graduandos do Instituto. O curso com carga horária de 60 horas oferece quatro créditos aos estudantes, tanto da pós-graduação como da graduação. Alunos de outros cursos, outras unidades da Universidade, ou até mesmo docentes, estão convidados a participar.

 

“Tivemos um docente de outra unidade da USP, ex-alunos, professores de ensino médio e fundamental e funcionários de laboratórios. Todos foram bem-vindos”, destaca a Profa. Lourdes Isaac.

 

“Trata-se de uma disciplina que pode interessar a qualquer universitário, não só da área da saúde. É importante para a cultura geral, pelos temas e profundidade com que são tratados por especialistas. Nossa preocupação é a de educar as pessoas, por isso buscamos disseminar as aulas para além da USP, com uma linguagem mais acessível o possível”, reforça o Prof. Alejandro Katzin.

 

Impacto da pandemia – Esta foi a primeira edição da disciplina, realizada desde 2015, que foi oferecida remotamente. A mudança do formato teve um grande impacto no número de interessados. “Em 2015, tínhamos 10 vagas para alunos de graduação e 10 para alunos de pós-graduação. Desta vez tivemos mais de 40 alunos por aula no Google Meet, sem contar o número de pessoas que acompanharam pelo YouTube”, pontua Isaac.

 

O formato também impactou na qualidade da participação dos alunos e o sucesso da disciplina foi tanto que os docentes cogitam adotar um formato híbrido para o próximo ano, por mais que as condições pandêmicas permitam que ele seja inteiro presencial. “Avaliamos os alunos conforme a participação deles nas aulas, não só a frequência, mas as perguntas que eles faziam e a qualidade delas. O desempenho foi muito bom, mais de 95% participaram ativamente”, afirma Katzin.

 

Foco em doenças negligenciadas – Por mais que a Covid-19 acabasse sendo o tema de muitas palestras, a disciplina Grandes Endemias tem a preocupação de levantar debates sobre enfermidades pouco discutidas: as doenças negligenciadas.

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças negligenciadas são aquelas que muitas vezes não despertam o interesse da indústria farmacêutica em desenvolver vacinas e tratamentos eficazes, já que afetam populações com poucos recursos financeiros. Nisso, se encaixam hanseníase, leptospirose, leishmaniose, tuberculose, doença de Chagas, entre outras.

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças negligenciadas são aquelas que muitas vezes não despertam o interesse da indústria farmacêutica em desenvolver vacinas e tratamentos eficazes, já que afetam populações com poucos recursos financeiros. Nisso, se encaixam hanseníase, leptospirose, leishmaniose, tuberculose, doença de Chagas, entre outras.

 

Em anos anteriores, a disciplina auxiliou efetivamente apontando a existência de novos surtos de algumas das doenças abordadas. “A chegada da epidemia de Zika, febre amarela e a piora da dengue foi antecipada por especialistas convidados antes da comunidade científica em geral tomar conhecimento”, complementa Isaac.

 

Por Gabriel Martino | ICB-USP