Pesquisa foi voltada para leishmaniose e a Doença de Chagas e contou com pesquisadores dos quatro cantos do mundo.
Um grupo de pesquisa internacional, que contou com a participação de membros do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), ganhou um prêmio do Medical Research Council (MRC), uma das mais prestigiadas instituições de fomento das ciências médicas do Reino Unido. Os pesquisadores foram contemplados na edição de 2023 do Impact Prize (“prêmio de impacto”), na categoria Outstanding Team Impact Prize (“prêmio de impacto de equipe excepcional”), que reconhece impactos notáveis na ciência médica realizados por redes colaborativas.
A rede em questão é a Rede Global para Doenças Tropicais Negligenciadas (NTD Network, na sigla em inglês), fundada em 2018 na Universidade de Durham, no Reino Unido. Criada no âmbito dos projetos Global Challenges Research Funds, financiados por uma das maiores agências de fomento britânicas, a U.K Research and Innovation, a NTD Network teve como objetivo de pesquisa buscar soluções terapêuticas, diagnósticas e preventivas para a leishmaniose e para a Doença de Chagas.
Ambas as enfermidades integram o grupo das chamadas Doenças Tropicais Negligenciadas, definidas pela Organização Mundial da Saúde como “um grupo diversificado de condições causadas por uma variedade de patógenos (incluindo vírus, bactérias, parasitas, fungos e toxinas) e associadas a consequências devastadoras para a saúde, sociais e econômicas”. A carência de políticas públicas de combate e prevenção também caracterizam essas doenças.
Além das publicações, entre 2018 e 2023, o grupo também atuou na formação de recursos humanos, mentoria de jovens pesquisadores, transferência de tecnologia a empresas e intervenções em comunidades afetadas. O braço da Global Network for NTDs na América Latina foi liderado pelo Prof. Ariel Silber, do Departamento de Parasitologia do ICB-USP, que atendeu à cerimônia de premiação no mês de junho.
Silber conta que o trabalho iniciou com uma reunião em Dunham, na qual foi convidado para compor a rede e coordenar a organização de um núcleo contendo pelo menos dois países latino-americanos. “Sou argentino, então conheço bem a ciência argentina, mas também já trabalho a 24 anos no Brasil. Esses dois países foram escolhas naturais. Além disso, acrescentei também o Uruguai, onde há uma unidade do Institut Pasteur.” Além deste e do núcleo britânico, foi formado também um núcleo asiático, que consiste de unidades da Índia e do Paquistão, totalizando seis países.
Outros pesquisadores brasileiros membros da rede incluem: o Prof. Adriano Coelho, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); a professora Silvia Uliana, também do ICB e hoje aposentada; a Profa Angela K. Cruz, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; a Profa. Santuza Teixeira, da Universidade Federal de Minas Gerais; e as Profas. Bartira Bergmann e Ana Paula Lima da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Mais informações, bem como o corpo de publicações, podem ser conferidas no site da Rede.
Por Felipe Parlato | Nucom/ICB